Justiça manda Ibama devolver macaca para mulher que cria animal 'como bebê' no DF

  • 19/12/2024
(Foto: Reprodução)
Filhote foi apreendido no fim de novembro, após ser visto em shopping. Ibama diz que animal é vítima de tráfico; família afirma que comprou macaca-prego de criadouro de Santa Catarina e que pagou R$ 30 mil. Macaca em casa que morava no Gama, no DF. A Justiça do Distrito Federal determinou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) devolva uma macaca-prego para uma mulher que a cria "como um bebê", na região da Ponte Alta do Gama (veja vídeo acima). Anne, como é chamada, foi apreendida após ser vista por fiscal do Ibama em um shopping de Brasília. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 no WhatsApp. A macaca estava com a família desde fevereiro, e foi trazida de um criadouro de Santa Catarina . A família diz que pagou R$ 30 mil pelo filhote, e o Ibama suspeita de tráfico de animais (saiba mais abaixo). Durante o passeio no shopping, em 16 de novembro, a tutora foi abordada e a família orientada a levar o animal ao instituto para regularizar a situação. Mas, ao chegarem no Ibama, a macaca foi apreendida e encaminhada para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). A família entrou na Justiça e o Tribunal Regional Federal da 1º Região (TRF1) determinou, nesta quarta-feira (18), que a macaca fosse devolvida à tutora, até que haja uma decisão final no processo. O Ibama, no entanto, afirma que não reconhece a legalidade da documentação apresentada pela tutora e diz que comunicou ao Ministério Público sobre a possibilidade de documentação falsa. Na tarde desta quinta-feira (19), o Ibama mostrou à TV Globo imagens da macaca Anne no Cetas, em Taguatinga. A filhote, junto com outros macacos, brinca e pula no recinto destinado aos primatas. O que diz a decisão da Justiça Na decisão que manda o Ibama devolver Anne à família da Ponte Alta do Gama, o desembargador Eduardo Martins afirma que a documentação evidencia a compra regular do animal junto a um criadouro cadastrado e autorizado pelos órgãos ambientais em Santa Catarina. Ele diz ainda que a tutora apresentou a nota fiscal e a comprovação de microchipagem da macaca "demonstrando, no mínimo, boa-fé". O Ibama discorda da veracidade da documentação (saiba mais abaixo). O desembargador destaca também que "o atestado médico da macaca demonstra bom estado clínico geral, sem sinais de doenças ou maus tratos". A decisão diz ainda que "a manutenção do animal em ambiente doméstico se mostra mais adequada para seu bem-estar do que a sua transferência para um centro que é reconhecidamente deficitário". A decisão menciona graves deficiências estruturais e de pessoal que, segundo o desembargador, comprometem a capacidade operacional do Cetas. Mas o Ibama contesta e diz que o Cetas de Brasília foi totalmente reformado. Mulher leva macaca para shopping no DF. O desembargador pontua ainda que a macaca-prego não consta na lista oficial de espécies em extinção, e que a apreensão do animal pelo Ibama se baseou em suposta falsidade documental, que sequer foi objeto de perícia técnica. O desembargador destaca também que o animal exerce suporte emocional para a tutora, que apresenta quadro de ansiedade e depressão. A multa, em caso de não devolução, é de R$ 1 mil por dia. Ibama diz que não reconhece legalidade da documentação apresentada No fim da tarde desta quinta, o Ibama informou que ainda não recebeu intimação da Justiça e avaliou que essa decisão pode gerar precedentes para casos de tráfico de animais. "Lógico, que uma decisão judicial a gente cumpre, embora o Ibama vá agravar essa decisão e apresentar ao juiz quais são as nossas motivações para rever essa decisão. Mas, essa decisão é muito perigosa porque regulariza um animal que, com certeza, veio do tráfico de animais silvestre. E, principalmente, dele ter vindo do tráfico e a pessoa conseguir ficar com ele, é uma mensagem horrível em relação ao cumprimento da legislação ambiental", diz Roberto Cabral, agente ambiental do Ibama. Cabral afirma que o Ibama não reconhece a legalidade da documentação apresentada pela tutora e que comunicou ao Ministério Público sobre a apresentação de documentos falsos. "Você pega o código do documento, digita no nosso site e, quando se digita esse código, no site do Ibama se verifica: 'não existe esse documento no Ibama', ou seja, o documento é falso", diz Cabral. Macaca era criada 'como bebê' Macaca criada como bebê, no DF, toma mamadeira Reprodução A macaca Anne vivia há quase um ano com a família na Ponte Alta do Gama. A tutora Rosemary Rodrigues conta que o animal veio de um criadouro em Santa Catarina. A compra foi feita pelo genro dela, que já faleceu. "Várias pessoas ofereceram macaquinhos para ele com valor de 6 mil. Eu falei 'não compra que é ilegal' (...) ligaram para ele, ele pagou adiantado, falou que ia nascer uma macaquinha, que ela esperasse que só podia dar com dois meses. Foi pago R$ 30 mil", conta Rosemary. Quem cria a macaca é Gabriela, filha da Rosemary. Anne estava com ela quando foi vista pelo fiscal do Ibama no shopping. "Eu não posso ter filho. Eu tive retirada do útero aos 15 anos e o meu desejo era ter um animal que eu pudesse criar como um bebê, como se fosse meu e tivesse uma longa vida", diz Gabriela. LEIA TAMBÉM: ENTENDA: Stanley faz recall de 401 mil copos com defeito no Brasil ESPELHOS D'ÁGUA: Moedas jogadas no Palácio do Planalto e do Alvorada vão ser recolhidas para o caixa do governo Leia outras notícias sobre a região no g1 DF.

FONTE: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2024/12/19/polemica-justica-manda-ibama-devolver-macaca-para-mulher-que-cria-animal-como-bebe-no-df.ghtml


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