Explosões na Praça dos Três Poderes: os próximos passos da investigação
14/11/2024
Investigadores da PF apuram se Francisco Wanderley agiu sozinho ou contou com apoio e financiamento de extremistas. Homem de 59 anos morreu após explosões nos arredores do STF. Francisco Wanderley Luiz
Reprodução/Redes sociais
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Após a identificação de Francisco Wanderley como autor das explosões na Praça dos Três Poderes nesta quarta-feira (13), a Polícia Federal trabalha com duas linhas de investigação: a de ação terrorista e a de tentativa violenta de abolição do estado democrático de direito.
🔎 Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, disparou uma série de artefatos na área em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) – e morreu no local, em seguida, após ser atingido por uma das explosões.
Os policiais também apuram se o homem de 59 anos agiu sozinho, como um "lobo solitário", ou se contou com incentivo e apoio financeiro de grupos extremistas.
As primeiras medidas de investigação indicam que Francisco Wanderley mantinha um grande número de explosivos em uma casa alugada por ele em Ceilândia, no Distrito Federal.
🚘O porta-malas do veículo do chaveiro também estava repleto de artefatos de fabricação caseira e explodiu na ação desta quarta-feira.
🚙 Além disso, o criminoso alugou um trailer, que estava estacionado nas proximidades do Supremo Tribunal Federal com materiais explosivos e um celular, o qual está sendo periciado pelos investigadores.
🔎 O corpo de Francisco Wanderley só foi retirado do local na manhã desta quinta, 13 horas após as detonações. Até o início da tarde, policiais ainda detonavam artefatos e pacotes suspeitos encontrados em um trailer próximo à Esplanada dos Ministérios e na casa alugada pelo homem no DF.
Leia nesta reportagem (clique no link para seguir ao conteúdo):
Possível ligação com extremistas
Motivação do crime
Planejamento
Fabricação de bombas artesanais
STF abre inquérito
Ligação com grupos extremistas
Explosões em Brasília: caso é tratado como terrorismo e ato antidemocrático, diz PF
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que um dos próximos passos da investigação será verificar se Francisco Wanderley atuou isoladamente ou se está ligado a um grupo de extremistas contrário ao estado democrático de direito.
Em entrevista nesta quinta-feira (14), o diretor da PF declarou ter ressalvas em relação à expressão "lobo solitário", porque, para Andrei Rodrigues, ainda que a "ação visível" seja individual, "nunca há só uma pessoa" por trás de um ato como o desta quarta.
"Há sempre um grupo, ou ideia de um grupo, com extremismos e radicalismos que levam ao cometimento dos crimes", declarou.
O diretor da PF afirmou que somente a investigação dirá se o criminoso tinha ligações com outros grupos, e se alguém impulsionou ou deu dinheiro a ele.
Por isso, a PF está com equipes atuando em Brasília e em Rio do Sul (SC), cidade de origem de Francisco Wanderley.
Motivação do crime
PF apreende celular e explosivos em casa no DF
Os investigadores apuram a motivação do crime praticado por Francisco Wanderley. Segundo Andrei Rodrigues, as hipóteses trabalhadas são de ato terrorista e ação contra o estado democrático de direito.
Para descobrir o que levou à conduta do homem de 59 anos, policiais analisam aparelhos eletrônicos e postagens do chaveiro em redes sociais.
Já foram identificadas mensagens em que o autor das explosões faz ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) a autoridades e jornalistas.
Em uma das postagens em uma rede social, Francisco Wanderley afirmava ter colocado explosivos em outros locais, o que também está sendo apurado pelos investigadores.
Planejamento de longo prazo
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As primeiras informações da investigação indicam, segundo Andrei Rodrigues, que houve um "planejamento de longo prazo" por parte de Francisco Wanderley.
Os investigadores também querem apurar se o criminoso participou dos atos de 8 de janeiro.
"Essa pessoa já esteve em outras oportunidades em Brasília. Inclusive, segundo relatos de familiares, estava aqui em Brasília no começo do ano de 2023. Ainda é cedo dizer se houve participação direta nos atos de 8 de janeiro, isso a investigação vai mostrar", disse.
O homem, morador de Santa Catarina, estava já há alguns meses em uma casa alugada em Ceilândia, no Distrito Federal.
Andrei Rodrigues afirmou que a PF está analisando os materiais encontrados durante a investigação e, sem dar detalhes, disse que foi encontrada uma "caixa" durante a apuração.
Bombas artesanais
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💣A Polícia Federal também investiga como Francisco Wanderley preparou os artefatos que explodiu na Praça dos Três Poderes e nas imediações do Supremo Tribunal Federal. E se o chaveiro contou com ajuda de terceiros para fabricar os explosivos.
Segundo o diretor da PF, as bombas eram artesanais, mas com "alto grau de lesividade".
Andrei também afirmou que o criminoso portava um extintor carregado com gasolina, simulando um lança-chamas. "Reitera a gravidade da situação que encontramos", afirmou.
No porta-malas do veículo de Francisco Vanderlei, havia vários fogos de artifício montados sobre uma estrutura de tijolos com o objetivo de "canalizar" a explosão para uma única direção.
Também foi localizado um trailer que teria sido alugado há alguns meses e estava estacionado nas proximidades do STF, o que, na avaliação dos investigadores, aponta que reforça a tese do planejamento de longo prazo. No veículo, mais materiais explosivos foram encontrados.
Inquérito foi aberto para apurar explosões
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Andrei Rodrigues afirmou, na entrevista coletiva, que a conduta de Francisco Wanderley Luiz aponta que os grupos extremistas responsáveis por atos similares em anos anteriores seguem ativos.
"Quero fazer um registro da gravidade dessa situação que nós enfrentamos ontem. Que apontam que esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Não só a Polícia Federal, mas todo o sistema da Justiça Federal. Entendemos que o episódio de ontem não é um fato isolado, mas conectado com várias outras ações", disse.
A Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) devem assumir as investigações – a cargo, inicialmente, da Polícia Civil do Distrito Federal.
"Determinei a instauração do inquérito policial e o encaminhamento para a Suprema Corte em razão das hipóteses iniciais de atos que atentam contra o Estado Democrático de Direito. E também, de atos terroristas. Estamos tratando o caso sob essas duas vertentes", informou Andrei.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, será o relator do inquérito na Corte.